10 de junho de 2008

Romantismo

ROMANTISMO – Cultura da Gare

O séc. XIX foi marcado por uma série de rupturas, contradições e esperanças que contribuíram para o aparecimento de uma nova Europa e Américas.
A batalha de Waterloo, que marcou a derrota de Napoleão, levou á formação de uma Santa Aliança e organização do congresso de Viena que pretendia redesenhar o mapa da Europa. O congresso culmina com a assinatura do tratado de Paris, onde se reconhece o direito á monarquia a Luís XVIII, que leva ao aparecimento de uma nova França a todos os níveis. A juntar a este panorama político surgem dificuldades económicas que resultam em revoltas populacionais e desenvolvimentos de nacionalismos, o que incentiva povos anexados a outros a reclamar independência.
A burguesia e o operariado são quem impulsiona estes movimentos, quando adquirem consciência de classe, organizaram sindicatos e reivindicaram através de greves melhores condições. Surgem forças ideológicas de anarquia e socialismos utópicos, que lutam contra a dicotomia capitalismo/miséria do operariado, e o comunismo de Hegel (poder do operariado).
A sociedade burguesa, industrial e urbana e a classe média apostaram na vida moderna. Neste contexto as cidades aumentam e são reformadas. É neste período que se assiste á generalização da instrução primária e difusão da imprensa. Os valores do positivismo e cientismo vão estar sempre presentes e dão origem a novos inventos e exposições universais. Foi também este o período do triunfo das democracias liberais e do liberalismo económico.
A revolução industrial, de extrema importância, deu-se a grande velocidade, transformando a economia e as sociedades do mundo moderno, quando aplicada aos sistemas de produção e transportes. A criação dos caminhos-de-ferro contribuiu para o desenvolvimento da economia, formação de novas cidades, novos empregos, avanço cultural e facilitou deslocações da população. “Á gare tudo afluía”. A gare vai ser a nova porta da cidade, facilitando o crescimento desta a todos os níveis. A gare tornou-se o “salão”.
O romantismo surge neste contexto de mudança, marca a ruptura com os cânones clássicos, é uma reacção ao neoclassicismo.
ROMANTISMO

Como reacção ao neoclassicismo formou-se uma forte corrente que marca a ruptura com o clássico, apelando á exaltação das emoções e sentimentos. Apela também á originalidade, procura de extremos, ao sobrenatural, á melancolia e ao cruel. Caracteriza-se por cultivar a fantasia, o sonho, a evasão para mundos exóticos, a exaltação da natureza, do panteísmo e pansexualismo.
Este foi um estilo que marcou as contradições da sua época. Os românticos são seduzidos pelo passado medieval, pela natureza e pelo exotismo de outras culturas, o que se vai reflectir na arte.
O romantismo defende que a arte não se atingia através das regras académicas, que era sim um produto da imaginação de cada um.


ARQUITECTURA

O romantismo marca a ruptura com a tradição clássica. Assume-se como uma corrente artística por toda a Europa com especificidades dos vários enquadramentos históricos e vivências.
A arquitectura despreza os valores clássicos das academias dando preferência á irregularidade e volumetria com efeitos de luz, movimento de planos e decoração pitoresca que estimulassem a imaginação e os sentidos e convidassem o sonho e a fantasia.
A arquitectura deveria ser capaz de provocar sensações. Marcou a passagem da “forma medida” (neoclassicismo), para a “forma sentida” (romantismo). Tem maior preocupação com a forma e decoração que com os aspectos técnicos.
Utilizam materiais da industrialização como o ferro (decoração), vidro, aço, tijolo vidrado e os materiais “nobres” madeira e pedra (gosto pela natureza).
A arquitectura romântica não criou um novo estilo no sentido pleno do termo. Promove antes o estudo e reprodução de estilos de épocas passadas, através de revivalismos historicistas, o que se explica facilmente pelo próprio contexto histórico: interesse pela história e pelas tradições nacionais.
O revivalismo principal foi o neogótico (interesse pela idade média). Nasceu em Inglaterra (palácio do Parlamento – verticalidade das torres, torreões, pináculos e cúpulas – irregularidade das torres é romântico), estendendo-se a França, Alemanha e EUA. Ao longo do séc. XIX criaram-se outros revivalismos como o neo-românico, neo-renascentista, neo-bizantino e neo-barroco, assistindo-se assim a um Carnaval de estilos 8revivalismos exagerados), que acabou por resultar numa outra tendência, os ecletismos que combinam vários estilos num edifício (ex. ópera de Paris).
O gosto pelas culturas exóticas deu ainda á origem de exotismos: neo-árabe, neo-bizantino e neo-hindu, bvem como estilos de influencia oriental, próprios desta época com



Portugal

Entrou tardiamente em Portugal, meados do séc. XIX, pela mão de um estrangeirado, marido de D. Maria II.
O 1º edifício romântico foi o Palácio da Pena (neogotico, neomanuelino e neobizantino).
Os revivalismos tiveram um forte carácter nacionalista afirmando-se através do neomanuelino.
Palácio do Buçaco, Estação do Rossio, Palácio da Regaleira, Câmara Municipal de Sintra – revivalismos. Praça de Touros e Salão Árabe – exotismos.


PINTURA

A pintura foi a arte em que o ideário românico melhor se expressou. Nasceu da pintura pré-romântica e recebeu influências dos nazarenos e dos pré-rafaelistas.
Quebrando as regras do academismo neoclássico, os pintores românticos criaram universos imaginários onde o fantástico, o exotismo e o sonho são realidades tidas como possíveis em oposição á existência do quotidiano monótono e repetitivo.
Os artistas lutaram pela livre expressão do eu pessoal dando largas á imaginação, dai a pintura ser individualista e diversificada do ponto de vista estilístico.
As temáticas são históricas, literárias, mitológicas e de retrato de figuras populares e anónimas. Os temas inovadores são temas da actualidade da época, temas inspirados no sonho, no onírico, nas tradições populares, nos exotismos, na vida rural e paisagem.
A pintura é marcada pela espontaneidade e individualismo, ainda muito influenciada pelo academismo neoclássico no tratamento realista e no claro/escuro, mas emancipa-se pela maneira como sobrevaloriza a cor. Em certos autores, essa emancipação traduz-se na simplificação do desenho e bidimensionalidade no tratamento do claro/escuro.
Os traços estilísticos comuns na pintura são intensos efeitos claro/escuro, prevalece a cor sobre o deesnho linear, uso de óleo e aguarela, pinceladas larfas e espontâneas, composições movimentadas e figuras humanas que não obedecem aos cânones clássicos.
Destaca-se Delacroix, Turner e Goya.



Portugal

Entrou tardiamente em Portugal, chega por influências de alguns artistas estrangeiros.
Manifesta-se sobretudo na pintura de género e paisagens, pelo que se confundiu com o naturalismo.
Entre as temáticas mais praticadas estão a pintura histórica, vida rural, costumes populares, paisagem, cenas místicas e retrato.
Destacam-se Augusto Roquemont, Luís Pereira Meneses e Tomás de Anunciação entre outros.
ESCULTURA

A escultura acaba por não ter um impacto tão grande como as outras artes, até porque o seu processo de concepção/execução é o mais demorado, limitando assim a espontaneidade própria do romantismo.
As temáticas são inspiradas na natureza, carácter alegórico e fantasista, temas históricos e líricos.
Nas formas de expressão evidenciou-se as composições estáticas e procurou-se exaltar a expressividade através de composições movimentadas e de sentido dramático e de corpos realistas com expressões carregadas de sentimento. O material principal era mármore, mas também havia algum bronze.
Destacam-se os franceses Pérault e Carpeaux.

Portugal

Destacam-se Vítor Bastos (obra exalta heróis nacionais como Camões, símbolo da pátria) e Costa Mota Tio (monumentos nacionalistas).

1 comentário:

Carolina disse...

Muitos Parabéns, e muito obrigada.
Estes resumos têm-me ajudado imenso na elaboração de trabalhos e até mesmo para testes.
Visto que tenho exame este ano de Historia e Cultura das Artes, vou ser sem duvida uma leitora assidua do teu blog.

Um beijinho
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